Lívia Avancini consegue lugar nas Olímpiadas de Paris por meio do ranking mundial, mas fica fora da lista definitiva por não ter sido feito com ela um teste antidoping nos últimos meses
Lívia Avancini foi da euforia à tristeza de um dia para o outro. No domingo, ela recebeu a notícia de que conseguiu uma vaga nas Olimpíadas no arremesso de peso por meio da pontuação no ranking mundial. Um dia depois, porém, veio a frustração com a notícia de que ficaria fora. O motivo: o fato de não ter sido feito nela um teste antidoping nos últimos meses.

A atleta do Londrina Atletismo, prata na última edição do Troféu Brasil e 33ª do ranking mundial na modalidade, lamenta principalmente por ver o sonho olímpico ser interrompido por conta de um protocolo que não depende apenas dela.
– Eu fui do céu ao inferno em 12 horas. Eu estou perdida porque é muita euforia e de repente vem uma tristeza sem ser culpa minha, uma coisa que a gente não consegue controlar. Estou bem abalada com tudo isso – disse Lívia, em entrevista ao ge.
– Não estava na nossa alçada, realmente não podia fazer nada, não dependia de mim. Foi uma grande sorte entrar no ranking da forma que eu entrei, com os convites negados de alguns atletas eu consegui subir no ranking, e da mesma forma foi um grande azar na forma como essa oportunidade foi ser tirada da gente – prosseguiu.
Na segunda-feira, durante o anúncio da lista de convocados para as Olimpíadas, o presidente da CBAt, Wlamir Motta Campos, explicou que a World Athletics “obrigou que o Brasil fizesse três testes antidoping fora de competição nos atletas, para que estivessem elegíveis para os Jogos Olímpicos”.
Esses testes deveriam ser realizados a partir de setembro de 2023, com intervalo máximo de 21 dias entre eles. Segundo o presidente da CBAt, Lívia chegou a ser testada quatro vezes, mas faltou a realização de um exame entre eles, ficando fora do que foi determinado pela World Athletics.

A coleta dos exames não depende dos atletas, mas de um órgão independente – no caso, a Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD).
A situação de Lívia é a mesma de outros dois atletas: Hygor Gabriel, do 4x100m, e Max Batista, da marcha atlética. A Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) vai recorrer da decisão da World Athletics (Federação Internacional de Atletismo) junto à Corte Arbitral do Esporte (CAS), na Suíça.
– A gente está tendo muita fé em relação a essa liminar que pode sair ou não. Mas você fica pensando, meu Deus, eu estava aqui, sabe, e escorreu nas minhas mãos por uma coisa que não cabia a mim. E é uma sensação péssima, porque ser atleta olímpico é o sonho de qualquer atleta, a gente sempre almeja isso, independente de se o atleta começou a treinar agora ou se ele já treina há 20 anos, como eu – comentou Lívia.
– Então, ia ser a realização de um sonho, ia ser a cerejinha do bolo para um atleta que já estava com a carreira longa igual a minha. E agora eu fico pensando, será que aguento mais quatro anos para treinar, ir a Los Angeles e passar por tudo isso de novo? E o quanto isso vai me afetar, o quanto isso vai me deixar desanimada ou motivada? – completou.
Lívia Avancini é londrinense, tem 32 anos e começou a praticar o arremesso de peso aos 12. Ela acumula várias medalhas ao longo da carreira, sendo campeã sulamericana e com nove pódios seguidos no Troféu Brasil, além de disputar o último Mundial de Atletismo, em 2023.

Posição da CBAt
O presidente da CBAt, Wlamir Motta Campos, pontuou, na live durante o anúncio dos convocados, que Lívia Avancini e os outros dois atletas não podem ser penalizados, já que não cometeram nenhum erro e que nunca apresentaram qualquer problema com doping.
Campos informou ainda que “a ABCD realizou, nos últimos três meses, mais de 450 testes com os atletas”.
– Nós recorreremos ao CAS, nós iremos às últimas consequências para assegurar a participação desses atletas – disse.
Posição da ABCD
Em nota ao ge, a ABCD explicou os motivos da ausência de testes nos atletas Livia Avancini, Hygor Gabriel e Max Batista, além de falar sobre o trabalho realizado. O órgão pontuou que “a exclusão dos atletas na lista para as Olimpíadas “não decorre de uma falha de procedimento da ABCD ou da CBAt” e e que “a ABCD tem como principal atribuição garantir a todo atleta o direito de competir de forma justa e limpa e assim seguirá atuando”.
Texto/Fonte: Rodrigo Saviani – Londrina | ge.com